quarta-feira, 11 de setembro de 2013

As 20 regras do sucesso de Jorge Paulo Lemann

1. Boas pessoas, trabalhando como um time e com objetivos comuns, são o mais importante e diferenciador ativo de um negócio.
2. Encontrar, treinar e manter boas pessoas são um constante desafio para todos os shareholders.
3. Os ganhos das pessoas devem ser estimulados, reconhecidos e balanceados de acordo com os interesses gerais da companhia.
4. A avaliação das pessoas é um item essencial e construtivo para o negócio.
5. A principal função dos líderes de um negócio é escolher pessoas melhores que eles, para manter a companhia no caminho, mesmo sem os líderes.
6. A liderança é exercida por meio de ideias claras e pelo exemplo diários nos menores detalhes.
7. Debater é importante, mas tudo o que for considerado deve ter um responsável por ele, e, ao final, alguém precisa tomar uma decisão.
8. O senso comum é sempre melhor que as ideias complexas. O simples é sempre melhor que o complexo.
9. Um bom negócio está sempre procurando crescer. Qualquer que seja o grau de sucesso, sempre há espaço para melhorar. Isso assegura a competitividade.
10. Sempre corte custos. Isso é algo que está sob seu controle e assegura sua sobrevivência.
11. Inovações que criem valor são úteis, mas copiar o que funciona bem é um caminho mais prático.
12. A educação e o aprimoramento das pessoas deve ser um esforço contínuo e incorporado à rotina de trabalho.
13. Apareça no noticiário apenas com resultados concretos.
14. Foco é o essencial.
15. Comunicação e transparência com informações-chaves ajudam a educar e a impulsionar todos na mesma direção e a criar vantagens competitivas.
16. Cuide de sua retaguarda.
17. Ser ético sempre é fundamental.
18. Demora muito para construir uma reputação, que pode acabar rapidamente.
19. Para chegar ao pote de ouro no fim do arco-íris, você deve percorrê-lo, mas sempre por um caminho lucrativo.
20. Um grande, desafiador e compartilhado sonho é essencial, e ajuda todos a trabalhar na mesma direção.

terça-feira, 2 de julho de 2013

11 perfis de liderança que você deve evitar

Se você se encaixar em alguma dessas descrições, é hora de um autoexame e, talvez, de fazer algumas mudanças




Apenas porque você possui um cargo de liderança não significa que você seja um bom líder. "Como um executivo, você possui uma quantidade imensa de poder. Você pode ser uma força incrivelmente positiva, admirada tanto por colegas quanto por funcionários, ou uma força negativa", conta Kathleen Brush, autora de "The Power of One: You're the Boss (O Poder de um Indivíduo: Você é o Chefe)."
De acordo com Brush, muitas pessoas em cargos de liderança não compreendem que os funcionários não são motivados automaticamente. "Se você tiver sorte, você pode ter um ou dois [funcionários] que estejam motivados. Então, é trabalho do chefe motivar seus funcionários todos os dias", conta Brush.
Os efeitos de uma liderança ruim podem variar de mundanos a catastróficos. Os efeitos podem significar metas não alcançadas, atrasos na entrega de produtos, má retenção de funcionários, comportamento antiético, etc.
Para garantir que você mantenha sua carreira em uma trajetória ascendente, é importante determinar onde estão seus pontos fortes e fracos. Saber disso lhe permitirá preencher as lacunas e fortalecer áreas de deficiência.
Os 11 perfis listados aqui são classificados na categoria desmotivadora, então, se você se encaixa em alguma dessas descrições, é hora de um autoexame e, talvez, de fazer algumas mudanças.
1 -O ouvinte desagradável 
Falando de comunicação, esta é normalmente uma pessoa que possui um ego consideravelmente grande e tipicamente não ouve ninguém, pois ele/ela sente que sabe todas as respostas. Isto, por outro lado, faz com que os funcionários tenham dificuldades em envolverem-se em projetos e metas sabendo que seu superior não considerou algo que pode causar problemas mais tarde.
“Vi várias vezes que ter uma pessoa do RH ou marketing quando a empresa estava contemplando alguma tecnologia de TI era algo simplesmente fora de cogitação. O resultado, quase sempre, era funcionários sobrecarregados com um sistema que causava queda da produtividade, porque o  gerente não havia participado da decisão quando deveria”, comenta Brush.
2 - O líder complacente 
Na área de TI, a mudança está sempre no ar. Existe sempre uma nova tecnologia emergindo e a concorrência está constantemente tentando superar os outros. Os CIOs que complacentes rapidamente veem seus concorrentes ganhando vantagens através da TI.
"Muitos gerentes abraçam a filosofia de que se eles [os funcionários] têm algum problema, eles me contarão. Caso eles não contem para ele que existe um problema, então, ele assume que está tudo bem. Esta é a receita infalível para ter funcionários desencantados e desocupados", conta John Reed, da Robert Half Technology
Quando os funcionários se encontram em uma situação onde eles estão trabalhando com tecnologia antiga e atrasada, eles, muitas vezes, questionam seu futuro. “Eu trabalhei para empresas que possuíam sistemas de TI antiquados e os funcionários ficavam estarrecidos e desmotivados pelo fato de que sua empresa não estava acompanhando a TI. É algo que realmente diminui a moral”, conta Brush.
3 - O chefe parceiro 
Em vez de ser um líder, que é algo que eles não sabem como ser, os gerentes que se encaixam nessa categoria fazem parcerias. “Em vez de conquistar o respeito dos subordinados, o que eles tentam é criar amigos no local de trabalho”, conta Brush.
De acordo com os especialistas, os chefes nunca podem ser amigos de seus funcionários. Nunca. Amizades neutralizam a autoridade e o poder do chefe. Eles também podem obscurecer o objetivo da liderança e impedir sua habilidade de corrigir comportamentos, delegar e responsabilizar funcionários.
Quando amizades comprometem a produção, é o chefe que deve ser responsabilizado. “Seja amigável para com seus funcionários, mas não cruze a linha entre chefe e amigo. Poderia custar seu emprego”, conta Brush.
4 - O escravo da caixa de entrada 
Isto também se aplica a mensagens de texto, conta Brush. A comunicação é o sangue vital de qualquer organização, e essa pessoa está muito confortável por detrás de seu celular ou dispositivo desktop. Eles gostam de se comunicar por um meio que possam ser particularmente ineficientes, especialmente quando existe a necessidade de alguma interação.
"Uma comunicação que poderia levar três minutos pessoalmente ou por telefone agora leva três horas ou três dias", conta Brush. A palavra escrita está sempre sujeita a interpretação e você não pode ler o tom de alguém em um e-mail.
5 - O chefe antiético          
Essa é uma categoria que não apenas irrita os funcionários, mas os apavora. Por essa razão ela é desmotivante. Quando um chefe quebra ou camufla as regras, engana, mente ou tolera comportamentos que revelam falta de princípios morais, ele ou ela perde o respeito dos funcionários. Sem o respeito deles, um chefe não pode liderar.
Além disso, quando um líder tolera práticas antiéticas, ele dá para seus funcionários a permissão de fazer o mesmo. “Relatórios de preenchimento de objetivos, gastos extremos em viagens de trabalho, não responsabilizar-se por erros – todas elas se tornam atividades aprovadas pelo chefe – que é o modelo”, conta Brush.
Um líder precisa exibir integridade e honestidade no que faz. Ele também precisa estar concentrado e deve apoiar as pessoas que trabalham para ele. “Isso possui um efeito dominó absoluto”, conta Reed.
6 - O chefe injusto 
Nossos esforços para tratar pessoas de modo semelhante levaram alguns lideres a confundir “igualdade” e “justiça” dentro do ambiente de trabalho. “Conversei com um gerente que deu um aumento para todos os seus funcionários, pois ele queria ‘ser justo’”, lembra Brush. Ele então parecia alerta para o  fato de que a produtividade de seus melhores funcionários diminuía para níveis próximos aos de um trabalhador médio.
“Recompensas podem ser ferramentas poderosas de motivação, mas elas devem ser administradas de modo justo”, conta Brush. Lembre: justo não significa igual.
7 - O chefe desorganizado
Ambientes de trabalho não combinam  com funcionários sem rumo, porque  lideres desorganizados não souberam planejar e administram planos e estratégias. Qual a chance de uma equipe sem rumo melhorar sua produtividade para criar widgets inovadores e competitivamente superiores? “Qual a chance de os funcionários serem inspirados por um líder que lidera como um capacho ou através de pensamentos aleatórios?”, comenta Brush.
8 - O chefe cínico 
"Ser cínico é quase uma admissão de que você não pode desempenhar seu trabalho", conta Brush. Eles regularmente dizem coisas como, 'Não, isso não vai funcionar’ ou 'Eu não sei por que estamos fazendo isso, isso é burrice' e eles não compreendem o efeito que tem.
 “Os funcionários não são foram contratados para fazer um mergulho em equipe no abismo. Se algo é burrice, então o chefe tem a responsabilidade de desfazê-lo”, conta Brush. Se você é um líder e você acha que algo não vale a pena ser feito ou que vai criar grandes problemas, é sua responsabilidade questionar o seu superior. Um bom líder não deve querer tomar decisões desinformadas.
9 - O comunicador pobre 
 “Esta é uma receita para uma alta rotatividade”, conta Reed. Este tipo de chefe não é bom em articular expectativas. Ele ou ela manda e-mails que são confusos e/ou faz exigências sem a definição dos parâmetros necessários. Muitas vezes eles não são responsivos, a menos que encurralados. “Quando você não se comunica com as pessoas elas simplesmente criam coisas de suas cabeças”, conta Reed.
Ele oferece um exemplo de uma perspectiva diferente, digamos que talvez exista um rumor de que a empresa está diminuindo suas dimensões. Caso o chefe não apareça e fale sobre isso, a maior parte dos funcionários presumirá que isso irá ocorrer.
10 - O sabe tudo 
Este líder gosta tipicamente de demonstrar que ele ou ela é a pessoa mais inteligente de todas, e, ao fazê-lo, muitas vezes pode negligenciar itens críticos. “Lideres mais novos muitas vezes sentem que precisam aparentar para suas equipes que têm todas as respostas. Um líder eficiente sabe que as melhores respostas, muitas vezes, vêm de pessoas com as quais você trabalha”, conta Reed.
“Pessoas que são gerentes em um ambiente técnico estão envolvidas em administrar projetos de tecnologia, iniciativas de tecnologia e em garantir que a estratégia esteja sendo utilizada. Onde eles normalmente não se concentram é em alocar um tempo livre para conversar com as pessoas em suas equipes  a fim de dialogar sobre sua satisfação com o trabalho, como elas se sentem sobre seu trabalho e seu futuro”, conta Reed. Nem sempre o líder possui a resposta perfeita, mas sabe onde obtê-la, e é isso que define um gerente de elite.
11- O chefe de linguajar abusivo 
Alguns administradores não compreendem o quão desmoralizante este tipo de comportamento pode ser. Se você utiliza uma linguagem abusiva em um tom raivoso você pode, facilmente, criar uma situação onde ninguém vai funcionar, seja por raiva, desgosto, etc.
"Lideres precisam conquistar o direito de manter os serviços dos melhores e mais brilhantes, todos os dias, pela forma como conduzem seus próprios passos", conta Roy West, CEO da Roy West Companies e cientista sênior na Gallup Organization.
Encontrando sucesso no trabalho e na vida 
Em seu livro recente, o operador das Forças Especiais e Oficial do Exército Peter Blaber lembra o momento em que alguém compartilhou com ele um segredo para a liderança, que separa os líderes verdadeiros dos que querem líderes. Ser um líder se resume a fazer a coisa correta e liderar pelo exemplo. Você simplesmente não pode ter um padrão para você mesmo e outro  para o resto do mundo.
"A regra de ouro é que nós não devemos tratar as pessoas da forma que queremos ser tratados, devemos tratar as pessoas da forma que ELAS querem ser tratadas. E, para saber como elas desejam ser tratadas, é preciso perguntar", conta West.
Se você se identifica com algum desses perfis, então é hora de se levantar e fazer algo com relação a isso. Participe de alguns seminários de liderança, cursos de comunicação ou faça o que for necessário para se comunicar melhor com as pessoas que dependem de você diariamente.
Rich Hein, CIO/COM

    Dez erros ao negociar

    As negociações são constantes em nosso dia a dia. Saber conduzi-las da melhor maneira - e sem tentar chegar ao consenso - é o melhor caminho para o sucesso





    Todos os dias, em casa ou no trabalho, você está envolvido em dezenas de negociações. Muitas pessoas encontram dificuldades pois querem agradar ou entrar em acordo. Nos ensinaram ao longo dos anos que o ideal é que todos fiquem felizes e que só assim a negociação foi bem-sucedida. Isto é um dos piores erros que se pode cometer em uma  negociação. 
    O problema é que se você está focado em fazer a outra pessoa feliz – ou em não deixá-la nervosa –, está focando no resultado. E você não pode controlar o resultado. Não pode controlar como a outra pessoa se sente a seu respeito. Mas você pode controlar suas ações durante a negociação. Esta é a essência do que chamo de “No System” (ou sistema do não), modelo que ensina aos negociadores a não basear suas ações em emoções, mas no que veio antes na conversa. 
    Por que eu chamo de “No System”? Porque não é palavra melhor do que não em uma negociação. Se você respeitosamente convidar seu chefe a dizer não desde o começo da conversa, ficará impressionado o quanto ele ficará relaxado ao longo da negociação. E se ele disser não aos seus pedidos logo de cara, tudo bem. Ouvir não e dizer não abre a conversa para uma negociação mais real. 
    Quando você entende os princípios do “No System”, percebe que eles podem ser aplicados em diversas situações – seja um novo emprego, uma promoção, a extensão de um prazo etc.. Da próxima vez que entrar em uma negociação, esqueça o consenso e tente evitar os seguites erros. Apenas isto tornará a sua negociação muito mais efetiva.
    1. Não diga ao seu chefe que você espera que ele diga sim.
    2. Não seja emocional. 
    3. Não vá para a reunião despreparado. 
    4. Não tente impressionar o seu chefe. 
    5. Não faça uma apresentação. 
    6. Não faça perguntas que exijam “sim” ou “não” como resposta. 
    7. Não tente fechar o negócio. 
    8. Não acredite que a sua missão é ganhar mais dinheiro
    9. Não aponte o seu atual salário/cargo como um problema. 
    10. Não dê um ultimato.

    Ficar calmo, controlar suas emoções, fazer perguntas diretas e ouvir atentamente te ajudarão a ficar focado no que você realmente pode controlar. As dicas acima irão ajudá-lo a evitar os piores erros que os negociadores mais amadores cometem e permitirão que você consiga o melhor resultado possível em sua próxima negociação.
    (*) Jim Camp é coach em negociação e presidente do Camp Negotiation Institute

    sábado, 1 de junho de 2013

    Como a China gasta suas reservas bilionárias?

    É possível ter uma coisa boa em excesso?

    A pergunta vem do fato de que, enquanto muitos governos ocidentais têm de se preocupar com seus crescentes deficit comerciais, a China tem o problema oposto.

    Graças ao seu sucesso como país exportador, a China tem as maiores reservas de moeda estrangeira do mundo. E essas reservas não param de crescer - chegaram a um recorde de US$ 3,44 trilhões.

    Com todos os zeros, essa soma é US$ 3.440.000.000.000, equivalente ao tamanho da poderosa economia alemã.

    O conteúdo das reservas é um segredo de Estado, mas um relatório divulgado anos atrás no periódico China Securities Journal revelou que 65% delas consistem em dólares, 26% em euros, 5% em libras e 3% em ienes.

    A China é a maior detentora de títulos da dívida do governo americano, depois do Fed (banco central americano). Também tem títulos da dívida de governos europeus, mas não tantos títulos de países periféricos endividados - pelo menos não tantos quanto a zona do euro gostaria.

    No pico da crise do euro, a moeda comum europeia subia a cada sinal de que a China planejava comprar títulos europeus.

    Você pode achar que ter um superavit comercial como o chinês seja uma boa notícia. Mas, segundo autoridades do banco central da China, a situação acabou causando um problema, por causa do câmbio fixo chinês.

    Desafios

    As reservas internacionais ajudam a proteger a moeda de um país de ataques, já que a venda de moedas estrangeiras ajuda a sustentar o valor da moeda local. Os bancos centrais aprenderam essa lição após a crise financeira da Ásia, em 1997.

    A China permite que o yuan flutue até 1% para mais ou menos, e as reservas ajudam nisso. Mas não está claro qual a quantidade de reservas que um país realmente precisa.

    Não se trata apenas do temor de que o dólar ou o euro se depreciem. A preocupação é também de que as reservas contribuam para um excesso de dinheiro na economia. Isso tem levado ao aumento de preços, inclusive de habitação.

    Coreia do Sul

    Quando um banco central acumula reservas, ele imprime dinheiro (yuan) para comprar os dólares, euros, libras e ienes que acrescenta a essas reservas. Para impedir que isso gere inflação (imagine o que aconteceria se a China imprimisse US$ 3,4 trilhões à sua economia, que movimenta US$ 8 trilhões), o BC "esteriliza" suas ações tirando a quantidade de dinheiro equivalente da economia.

    A China faz isso pagando juros ao dinheiro que bancos comerciais depositam no Banco Central, para incentivar os bancos a deixar seu dinheiro ali.

    A esterilização tende a ser incompleta, já que os bancos buscam taxas de remuneração maiores em outros investimentos, em vez de deixar todo seu dinheiro no BC.

    Além disso, há a preocupação de que o BC não esteja obtendo um grande retorno nessas reservas, já que os yields (taxas de juros) de títulos das dívidas europeias e americanas são baixos.

    Então, a China usa essas reservas para financiar investimentos no exterior. Pequim quer comprar ativos reais - como portos, recursos naturais, tecnologia e companhias financeiras.

    Isso contribui para seu objetivo de criar multinacionais chinesas.

    Política de expansão

    Ter empresas competitivas globalmente poderia ajudar a China a aumentar sua capacidade tecnológica e sua produtividade, algo crucial para sustentar seu crescimento. A China gostaria de seguir o exemplo de outros que enriqueceram - como a Coreia do Sul ou Taiwan - e desenvolver marcas internacionais, como Samsung e HTC.

    Essa era a meta quando Pequim lançou sua política global, em 2000. O primeiro investimento comercial no exterior foi em 2003-04, na Europa, quando a empresa chinesa TCL comprou a marca francesa Thomson.

    Desde então, seus investimentos estrangeiros aumentaram exponencialmente e atingiram níveis recordes, superando os internos - dado que geralmente indica que um país está chegando ao nível de desenvolvimento econômico.

    Falta de transparência quanto à origem de recursos chineses gera incômodos no exterior

    A maioria desses investimentos chineses tem ido para outras partes da Ásia, para a América Latina e a Europa.

    Para investir no exterior, as empresas chinesas necessitam de autorização oficial, já que o governo do país é o controlador de movimentos de capitais. Sendo assim, os investimentos chineses vão para onde a China tem interesse em crescer - não apenas recursos naturais, mas também tecnologia e serviços com valor agregado. É por isso que os países que mais recebem esses investimentos (com exceção de Hong Kong e Ilhas Cayman) são Austrália, Cingapura e EUA.
    Política

    No entanto, o capital chinês nem sempre é bem recebido. Investimentos de origem estatal podem gerar desavenças políticas, como já ocorreu nos EUA e na Austrália.

    E empresas privadas chinesas têm dificuldades em operar, por conta da falta de transparência quanto ao que é privado e o que é ordenado pelo Estado. Isso indica uma necessidade de reformas na China, para deixar claras as fontes de financiamento em seus negócios internacionais e a real posse de empresas chinesas.

    Ao mesmo tempo, a China não deve continuar tendo os grandes superavit comerciais do passado.

    Em 2012, o superavit caiu para menos de 3% do PIB - chegara a 10% antes da crise de 2008. Os chineses não estão exportando tanto por conta da menor demanda externa, então é improvável que acumulem tantas reservas quanto antes.

    Isso também significa que será mais importante que os investimentos chineses no exterior sejam bem vistos, já que a China dependerá mais de multinacionais produtivas e competitivas para continuar crescendo. E essas empresas precisarão cada vez mais se financiar de maneira competitiva.

    Certamente veremos mais empresas chinesas disputando terreno global. Seu sucesso será importante não apenas para as próprias empresas, mas para o próprio futuro da China.

    Veja mais em BBC Brasil

    quinta-feira, 4 de abril de 2013

    China e América Latina: as relações perigosas


    Por Christophe Ventura | Tradução: Inês Castilho
    A América Latina poderia converter-se, nos próximos anos, numa “plataforma extraterritorial” da China, cuja função seria permitir a esta última assegurar e ampliar suas exportações – notadamente nos setores de eletrônica, indústria automobilística e têxtil – para os mercados norte-americanos, europeus e latino-americanos? Este risco seria ainda mais claro num cenário em que há tendência irreversível ao aumento dos salários chineses, ao encarecimento de seus produtos? As hipóteses acima foram suscitadas pela Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe (Cepal), em um relatório recente, dedicado ao estudo das relações entre a China e a América Latina e Caribe1.

    Um estudo da evolução quantitativa e qualitativa dos investimentos diretos externos (IDE) feitos pela segunda potência econômica mundial na América Latina, entre 2003 e 2009, reforça essa análise. As economias latino-americanas recebem agora 13% do total dos IDE da China no mundo2. Isso representa um montante estimado em 31 bilhões de dólares. Ainda que 90% desses IDE dirijam-se aos setores bancários de dois paraísos fiscais notórios – as Ilhas Cayman e os Ilhas Virgens Britânicas – a Cepal indica que, durante esses seis anos, 24 bilhões de dólares teriam sido diretamente investidos pelas empresas chinesas nos setores de recursos naturais, da indústria e dos serviços na América Latina.
    Participação em companhias latino-americanas e acordos de cooperação entre regiões chinesas e países latino-americanos asseguram às empresas chinesas uma penetração crescente nas economias latino-americanas. O México e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai) constituem a principal base para atividade produtiva de empresas chinesas na América Latina. Destacam-se os setores de produtos manufaturados, da eletrônica, automobilístico e de telecomunicações. “A porta de entrada na Argentina, Brasil, México e Uruguai deve ser vista como primeira etapa para organizar um avanço futuro em direção aos mercados dinâmicos constituídos pela Área de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e o Mercosul, informa o relatório. Desde já, 50 mil empregos dependeriam diretamente dos investimentos chineses na economia real latino-americana.
    Por que escolher a América Latina como potencial “plataforma extraterritorial”? O setor de eletrônica oferece uma imagem emblemática dessa estratégia. Segundo a Cepal, três fatores explicam a atração exercida pela América Latina sobre os investidores chineses: “1. A demanda interna (chinesa) é fragilizada pela concorrência no próprio território nacional; os lucros diminuíram, levando os empreendedores do setor a buscar novos mercados na América Latina, onde uma classe média emergente está em expansão. 2. Diversos países da América Latina passaram a adotar medidas antidumping contra produtos fabricadas na China. Estabelecer uma unidade de produção na região pode ajudar os empresários chineses a atenuar os conflitos comerciais. 3. Os empresários chineses não são atualmente capazes de estabelecer unidades de produção nos países desenvolvidos; esta é a razão por que a América Latina e a África tornaram-se zonas de destino importantes para seus IDE.”
    Por sua vez, os IDE latino-americanos na China – e portanto a inserção das empresa da região na economia produtiva no país – continuam muito marginais. Os sete países que mais investem na China (Argentina, Brasil, Chile, México, e em menor medida, Colômia, Peru e Venezuela) contribuem com menos de 0,1% do total de IDE naquele país. Isso representa um montante acumulado de apenas 70 a 80 milhões de dólares…
    Qual o retrato da relação comercial entre entre a América Latina e a Ásia? Em 2009, o volume do comércio bilateral entre as duas regiões elevou-se a 120 bilhões de dólares. As exportações latino-americanas (largamente constituídas por matérias-primas e produtos primários) para a Ásia representavam um total de 103 bilhões de dólares, ou 15% do total de exportações da região. Por sua vez, o mercado norte-americano recebia 42% das exportações latino-americanas e a União Europeia, 14%.
    Vale notar que a China absorve quase a metade das exportações latino-americanas para a Ásia. Segundo a Cepal, o Império do Meio poderá, tornar-se, já em 2014, o segundo mercado mais importante para as exportações da região, desbancando a União Europeia. No caso do Brasil, a Ásia converteu-se, já no primeiro semestre de 2012, no principal destino das exportações – 27,8% do total. A China, sozinha, importou no período 14,3% das vendas externas do país e se tornou seu principal parceiro comercial.
    Como parte deste mesmo movimento, o perfil geral do comércio entre a América Latina e a Ásia modificou-se na última década. A China ultrapassou o Japão, como principal parceiro asiático dos países latino-americanos; e agora, os seis países membros da Associação das Nações do Sudeste da Ásia (Asean) [Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã] disputam com a Coreia do Sul o lugar de terceiro parceiro.
    O comércio sino-latino-americano é marcado por sua natureza desequilibrada. Os países latino-americanos são essencialmente exportadores de produtos primários e matérias-primas de baixo valor agregado (soja, ferro, cobre, petróleo etc.), enquanto a China exporta seus produtos manufaturados (têxteis, papel, automóveis, produtos eletrônicos e tecnológicos etc.).
    A China tornou-se um mercado de exportação chave para seis países: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Cuba e Peru. Entre 2005 e 2008, cinco países latino-americanos eram, sozinhos, responsáveis por 86% das exportações da região para a China: Brasil (33%), Chile (25%3), Argentina (12%), México (9%), Peru (7%).
    Ao mesmo tempo, Argentina, Brasil, Chile, México, República Dominicana, Paraguai e Peru4 tornaram-se mais dependentes da China para suas importações. Entre 2000 e 2009, a parcela chinesa no total das importações argentinas passou de 4,6% para 12,4% (as importações provenientes dos Estados Unidos recuaram, no mesmo período, de 18,9% para 13,2% do total; e as europeias, de 23,5% para 16,8%). No Brasil, a tendência é a mesma: suas importações da China representam 15,2% das compras externas totais (eram 2,2% em 2000), enquanto que as importações provenientes dos Estados Unidos passaram de 23,3% para 14,5%. No México, apenas 2,2% do total importado vinha da China, em 2000; mas a taxa subiu para 13,9% em 2009. Ao mesmo tempo – e isso é histórico – a parcela das importações mexicanas provenientes dos Estados Unidos despencou de 71,2% para 48,1% e a da União Europeia, de 8,4% a 11,7%. Em valores, o México é o principal importador de produtos manufaturados chineses. Ela garante 48% do total de compras provenientes da China na região, seguida pelo Brasil (20%), Argentina e Chile (6% para cada um).
    A nova estratégia de expansão da China na América Latina é facilitada pelas economias mais dinâmicas do subcontinente. Estas necessitam do mercado chinês para suas exportações de matérias-primas. É o caso especialmente da Argentina e do Brasil que, contrariamente ao México e aos Estados Unidos, reconheceram a China como “economia de mercado”.
    A estratégia de Beijing baseia-se também na busca de assinatura de acordos de livre comércio. Entre 2006 e 2010, a China assinou três: com o Chile, o Peru e a Costa Rica. Os planos envolvem ainda estabelecimento de acordos de cooperação entre Estados, notadamente no setor petrolífero. Em 2009, o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) abriu uma linha de crédito de 10 bilhões de dólares para a Petrobras, em troca da garantia de fornecimento de petróleo bruto. Além disso, a petroleira chinesa Sinopec adquiriu, em 2010, 40% do capital da filial brasileira da Repsol, a principal exploradora de petróleo espanhola. Ao mesmo tempo, China e Venezuela estabeleceram um Fundo de Desenvolvimento Comum que hoje alcança 12 bilhões de dólares. Os dois países estão igualmente ligados por um acordo que prevê uma troca de produtos chineses por petróleo venezuelano. O Equador firmou um contrato semelhante, envolvendo 1 bilhão de dólares.
    A China tornou-se membro oficial do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com objetivo de converter a instituição num grande instrumento da cooperação financeira sino-latino-americana. Beijing também é parte do Banco de Desenvolvimento do Caribe (BDC).
    Enfim, as autoridades chinesas contam com uma política diplomática ofensiva e dispõem de 21 embaixadas e seis consulados na região. Somente 15 desses 21 países dispõem de representação diplomática na China.
    O relatório da Cepal conclui: “a taxa de crescimento econômico elevada (na China) e o processo de reconversão industrial das regiões rurais do país engendram um aumento da necessidade de infraestrutura e energia, assim como de alimentos. Essa situação é um poderoso motivo de aproximação com os países latino-americanos exportadores de recursos naturais. A China tem, igualmente, necessidade de assegurar o livre acesso de suas exportações na região e de ser aí reconhecida como “economia de mercado” (…). Nesse quadro, ela deve abrir um espaço para a assinatura de acordos comerciais na América Latina, a fim de garantir acesso preferencial a seus produtos nesse mercado. E isso de maneira a não perder em competitividade face aos produtos norte-americanos – resultado de acordos de livre comércio bilateral assinados por esses últimos na região – ou europeus, antecipando negociações da União Europeia com o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN).”
    Na reconfiguração constante do comércio internacional, em meio à globalização econômica e financeira, o comércio entre países do chamado Sul Global intensifica-se e representa parte cada vez mais significativa das trocas comerciais no planeta. O comércio Sul-Sul representava 6% do comércio internacional em 1985, para alcançar 24% em 2010. Desse total, 85% das trocas ocorrem entre os próprios países asiáticos, ou entre eles e outros países do Sul.
    Embora participe desse importante movimento global, a América Latina continua largamente prisioneira de uma integração à economia internacional pelo aumento da “primarização” de sua economia. Sua relação com a China confirma essa tendência.

    Christophe Ventura é cientista político e integrante da rede internacional Memória das Lutas — Medelu (www.medelu.org)
    1 “China e América Latina / Caribe – Rumo a uma relação econômica e comercial estratégica”, Osvaldo Rosales e Mikio Kuwayama, Cepal, 2012 (http://www.eclac.org/publicaciones/xml/9/46259/China_America_Latina_relacion_economica_comercial.pdf)
    2Segundo o fundo de investimento A Capital, citado pelo Le Monde(9/6/2012), os investimentos diretos externos da China somariam 68 bilhões de dólares em 2011. 43% deles seriam dirigidos à América Latina, o que tornaria a região o primeiro destino de tais capitais. O fundo estima que a soma poderia chegar a 800 bilhões de dólares em 2016.
    3 O couro tornou-se o principal produto de exportação chileno. A China absorve 55% das exportações de couro latino-americanas, das quais 30% provêm do Chile
    4 Além de principal parceiro comercial do Brasil e do Chile, a China é o segundo parceiro da Argentina e Peru. Ler, sobre o assunto, texto do autor, noLe Monde Diplomatique francês

    quinta-feira, 14 de março de 2013

    Brasil é o melhor dos mundos existentes, diz sociólogo Domenico De Masi

    Para o sociólogo italiano Domenico De Masi, `o Brasil não é o melhor dos mundos possíveis, mas é o melhor dos mundos existentes`.


    Depois de copiar o modelo europeu por 450 anos e o modelo americano por 50, agora que ambos estão em crise e ainda não há um novo para substituí-lo, chegou a hora de o Brasil propor um modelo para o mundo`, diz De Masi.

    De Masi desembarca no país para participar da primeira edição do `Refletir Brasil - Diálogo com a Brasilidade`, em Paraty, de 20 a 22 de março. O evento reunirá intelectuais e lideranças em mesas temáticas sobre cultura, educação, economia, criatividade e sustentabilidade.

    Professor da universidade romana de La Sapienza, De Masi, hoje aos 75 anos, se tornou internacionalmente conhecido em 2000, com o lançamento de `O Ócio Criativo`.

    Na obra, o autor defende a redução das jornadas de trabalho e a flexibilização do tempo livre, em um contexto mais adequado à globalização e à sociedade pós-industrial.

    Desde então, tem se dedicado à análise da organização da cultura de trabalho criativo na vida contemporânea e a estudos comparativos sobre a herança de diferentes modelos de vida no mundo --do indiano, chinês ou japonês, ao muçulmano, judaico, católico ou protestante.

    Leia abaixo trechos da entrevista concedida à Folha.

    BRASIL
    O Brasil ainda hoje é menos conhecido e valorizado do que merece. O Brasil é quase tão grande como a China, mas é uma democracia. O Brasil é quase três vezes maior que a Índia, tem quase o mesmo número de etnias e de religiões, mas vive em paz interna e em paz com os países limítrofes. O Brasil é quatro vezes maior que a zona do Euro, mas tem um único governo e fala uma única língua. O Brasil é o país onde há mais católicos, mas onde a população vive da forma mais pagã. O Brasil é o único país no mundo onde a cultura ainda mantém características de solidariedade, sensualidade, alegria e receptividade.

    DESAFIOS
    A força de um país não está apenas no seu crescimento econômico, mas principalmente na sua capacidade de distribuir igualmente a riqueza, o trabalho, o poder, o saber, as oportunidades e as proteções. Os desafios aqui são o analfabetismo, a violência e a desigualdade. É realizar esta redistribuição mais igualitariamente em comparação a outros países e manter a melhor relação entre economia e felicidade.

    ITÁLIA
    A Itália, depois de ter durante dois mil anos elaborado, praticado e oferecido um modelo clássico, renascentista, barroco, agora está cansada e não consegue projetar o futuro. A decadência é autodestrutiva. Depois de ter tentado se suicidar com Mussolini, agora a Itália vivencia um suicídio cômico com Berlusconi e Grillo.

    EUROPA
    Não acredito de modo nenhum que a Europa --e principalmente o pensamento europeu-- tenham perdido importância no cenário intelectual e, muito menos, econômico. A zona do Euro tem uma renda média per capita de US$ 36.600 [o Brasil é de US$ 10.700]. Na Europa há os países escandinavos com os melhores `welfare` [bem-estar social] do mundo; tem Luxemburgo, Suíça e Alemanha, com os maiores PIBs per capita; a Itália e a Alemanha com maior esperança média de vida.

    A Europa é o continente mais escolarizado e com melhores pesquisas científicas. A zona do euro está em primeiro lugar no comércio internacional, no rendimento de serviços, nas reservas auríferas e financeiras, tem um quarto de todo o comércio internacional.
    Dos dez países no mundo com o índice mais alto de democracia, sete são europeus; daqueles com maior criatividade econômica, cinco são europeus; com o mais alto índice de capacidade tecnológica, oito são europeus; com mais turistas estrangeiros, cinco são europeus; com a maior extensão de banda larga, sete são europeus; com os museus mais frequentados, seis são europeus.
    Na Europa cada país tem seu clima, seu modelo de vida, sua cultura. Mas a moeda é única, os cidadãos e as mercadorias podem viajar livremente de um país ao outro. Tudo justifica a hipótese de que em 2020 a Europa dos 27 será o maior bloco econômico do mundo, com a melhor qualidade de vida.

    FUTURO
    Daqui a dez anos a população mundial será um bilhão maior do que a de hoje. Um cidadão em cada três terá mais de 60 anos. Informática, engenharia genética e nanotecnologias serão os setores tecnológicos mais importantes. Poderemos levar no bolso todas as músicas, os filmes, os livros, a arte e a cultura do mundo. O PIB per capita no mundo será de US$ 15.000 --contra os atuais US$ 8.000.
    Tele-aprenderemos, tele-trabalharemos, tele-amaremos e tele-divertiremo-nos. O trabalho ocupará apenas um décimo de toda a vida dos trabalhadores. As mulheres estarão no centro do sistema social. O mundo será mais rico, mas continuará desigual. A estética dos objetos e a cortesia nos serviços interessarão mais do que sua evidente perfeição técnica. A homologação global prevalecerá sobre a identidade local.

    EXEMPLOS
    Há iniciativas empresariais e governamentais atuais na América Latina que considero exemplares e dialogam com o futuro. Como o projeto Abreu na Venezuela (de educação e formação musical da população), as escolas primárias para crianças pobres em Foz de Iguaçu e a Escola Bolshoi de dança em Joinville.

    TEORIA...
    Hoje, a força de trabalho é composta apenas por um terço de operários, outro terço de trabalhadores intelectuais em funções executivas (bancário, recepcionista etc.) e um último terço de funcionários com atividades criativas (jornalista, profissional liberal, cientista etc.).
    Se o trabalho for repetitivo, cansativo, chato, de subordinação, reduz-se a uma escravidão, a uma tortura, a um castigo bíblico. Nesse caso, a única defesa consiste em trabalhar o menos possível, pelo menor número de anos possível.
    Mas se, em vez disso, for uma atividade intelectual e criativa --que corresponde à nossa vocação e ao nosso profissionalismo--, então ocupa toda nossa inteligência e satisfaz nossas necessidades de auto-realização. Nesse caso confunde-se o trabalho com o estudo e com o lazer, transformando o trabalho em ócio criativo.
    Na vida pós-industrial, organizada para produzir principalmente ideias, não existe trabalho e não existe horário. Existe apenas ócio criativo, que dura 24 horas, mesmo quando se dorme e se produz ideias sonhando.

    ...E PRÁTICA
    As empresas ainda não se deram conta deste novo momento global. A oferta de trabalho diminui e a procura por trabalho cresce, mas as empresas não reduzem a carga horária. Poderíamos trabalhar todos e pouco, mas alguns trabalham dez horas por dia enquanto seus filhos estão desempregados.
    As tecnologias da informação possibilitam o teletrabalho, mas todos continuam a trabalhar nas empresas. A produção de ideias precisa de autonomia e de liberdade, mas as empresas tornam-se cada vez mais burocráticas. As distâncias culturais entre os chefes e os funcionários diminuem, mas as das faixas salariais aumentam. As empresas pregam colaboração, mas estimulam competitividade.

    Tradução: CARLA M. C. RENARD
    MORRIS KACHANI - Folha de São Paulo - 14/03/2013 - São Paulo, SP

    quarta-feira, 6 de março de 2013

    Dicas de franquias baratas e muito lucrativas


    É cada vez maior o número de empreendedores que apostam em franquias baratas e lucrativas para iniciar o seu negócio e as opções são inúmeras. De quiasques a lojas existem muitas franquias realmentebaratas no mercado brasileiro com investimento inicial baixo, o que facilita a entrada dos novos empreendedores neste mercado.



    Franquias da FOM custam a partir de 120 mil

    A FOM começou como um projeto, em 2002. Durante a exposição Gênios do Design, a empresa criou um pufe para a rede Tok&Stok. A produção de pufes, almofadas e travesseiros começou na casa dos fundadores, Betina Lafer e Sidney Rabinovitch.
    Hoje, a FOM conta com duas fábricas para abastecer mais de 40 unidades com 180 modelos de produtos. No ano passado, a rede faturou R$ 10 milhões de reais. As franquias são vendidas no formato de loja, com até 35 metros quadrados ou quiosque, com 9.
    Investimento inicial: de R$ 120 mil (quiosque) a R$ 300 mil (loja)
    Prazo para retorno do capital: de 18 a 30 meses

    Nutty Bavarian tem retorno a partir de 6 meses

    A Nutty Bavarian é um exemplo de franquia que só atua no modelo quiosque. As operações, que vedem nozes glaceadas, precisam de investimento entre 69 mil e 79 mil reais.
    Criados em Orlando, na Flórida, em 1989, hoje são 800 quiosques no mundo, instalados em shoppings centers, aeroportos, pontos turísticos e em eventos. No Brasil, a marca só chegou em 1996.
    Investimento inicial: a partir de R$ 69 mil
    Prazo para retorno do capital: de 6 a 18 meses

    Chilli Beans tem franquias de quiosque e lojas

    A rede foi criada em 1997 e vende óculos de sol e outros acessórios, como relógios. Hoje, são 230 pontos de venda comercializando 1,3 milhão de produtos por ano.
    A Chilli Beans foi uma das marcas pioneiras em franquias quiosque. O primeiro modelo foi aberto em 2000, em São Paulo.
    O valor exigido para a abertura de um quiosque – 78 mil reais – inclui o estoque inicial e o próprio quiosque. A rede tem ainda um modelo intermediário, chamado loja light, que custa a partir de 138 mil reais.
    Investimento inicial: a partir de R$ 78 mil
    Prazo para retorno do capital: de 11 a 18 meses

    Franquia Cone Pizza custa a partir de R$ 59,5 mil

    Criada em 2005, pelo empresário italiano Marco Bonatti, a Cone Pizza surgiu em Fortaleza. Vendida para uma empresa franqueadora, a rede tem hoje 72 unidades em 23 estados. São 147 funcionários e um centro de produção instalado em Fortaleza.
    Com faturamento de 2,1 milhões de reais por mês, a rede trabalha com modelos de loja e quiosque. Cobra 59,5 mil reais pela franquia quiosque. A loja custa até 120 mil reais.
    Ceará, São Paulo, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Brasília, Santa Catarina, Paraná, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Goiás, Sergipe, Piauí, Paraíba, Pará, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, Amapá, Minas Gerais, Manaus e Rondônia já abrigam unidades da Cone Pizza.
    Investimento inicial: a partir de R$ 59,5 mil
    Prazo para retorno do capital: de 18 a 24 meses

    Franquia Bendita Fruta custa a partir de R$ 150 mil

    Mais uma marca que apostou no mercado de frozen yogurt, a Bendita Fruta, do Grupo Parmê, foi aberta há menos de dois anos. Hoje são doze unidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal.
    Mais quatro lojas devem ser abertas em 2010. Brasília e Sorocaba estão na lista de cidades que vão receber unidades. Para 2011, o plano da rede é agressivo: conseguir mais 20 franquias.
    São dois modelos de negócios: loja, com 40 m² e faturamento médio de 90 mil reais, e o quiosque, com 9 m² e faturamento de 35 mil reais. A loja pode custar até 250 mil reais.
    Investimento inicial: a partir de R$ 150 mil
    Prazo para retorno do capital: de 18 a 36 meses

    Weeze tem investimento inicial de R$ 85 mil

    A empresária Manuella Bossa administra três marcas de cosméticos: a Truss, a K’Dor e a Weeze. Para a última, só produz cosméticos com base 100% vegetal e apostou na expansão por meio de franquias. A marca foi criada em 2004 e virou franqueadora em 2010.
    De um laboratório em São José do Rio Preto, saem os produtos que abastecem as 12 unidades da rede, que deve faturar R$ 8 milhões em 2011. Hoje, uma unidade da Weeze fatura, em média, de R$ 18 mil a R$ 65 mil por mês.
    Investimento inicial: a partir de R$ 85 mil
    Prazo para retorno do capital: de 18 a 48 meses

    sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

    A nova revolução industrial muda a forma como os objetos são criados, produzidos e consumidos

    O tênis abaixo não foi fabricado. Ele foi impresso.  A tecnologia das impressoras tridimensionais pode transformar a forma de criação dos objetos


    No início do século XVIII, não era fácil ter um sapato. Um artesão tinha de cortar e costurar cada parte manualmente. Esse trabalho levava dias. Nas décadas seguintes, sua fabricação ficou mais ágil com a introdução, na Inglaterra, das máquinas de corte e costura operadas manualmente. Foi o início da primeira Revolução Industrial. O sapato ficou mais acessível, mas ainda custava caro. Em meados do século XIX, a produção fabril ficou ainda mais eficiente com a invenção de máquinas movidas a eletricidade. No início do século XX, nos Estados Unidos, o empresário Henry Ford usou-as nas primeiras linhas de produção. Assim como os carros da Ford, milhares de sapatos passaram a ser fabricados simultaneamente, em tempo recorde e a um custo baixo.

    Essa produção em massa em grandes fábricas se tornou o símbolo da segunda Revolução Industrial. Agora, após um século, uma nova transformação se anuncia. Ela é trazida por aparelhos do tamanho de um micro-ondas que constroem um objeto real a partir de um arquivo digital: as impressoras tridimensionais. Até há pouco tempo, esses equipamentos custavam centenas de milhares de reais e ficavam restritos às grandes indústrias. Hoje já é possível levar para casa uma impressora 3D e usá-la para fabricar objetos. Como um sapato. “Uma terceira revolução industrial está a caminho”, diz o jornalista e físico Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, em seu livro Makers (Os produtores, numa tradução livre, sem previsão de lançamento no Brasil), que saiu neste mês nos Estados Unidos. “Assim como a internet mudou, redistribuiu e acelerou a difusão da informação, essa tecnologia pode transformar a fabricação de produtos de algo rígido e dependente de capital num processo flexível, baseado em criatividade.”

    Nos dias de hoje, a fabricação ainda segue as regras dos tempos de Henry Ford. Criar um produto requer um grande investimento inicial. Do primeiro protótipo ao produto final, é necessário investir milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento. Contratar mão de obra especializada consome outros milhões – mesmo que a fábrica seja erguida em países como a China, onde a força trabalhadora custa mais barato. Depois, é preciso comprar máquinas modernas para cada etapa da fabricação. Finalmente, é necessário decidir como será a logística da cadeia de fornecedores e distribuidores, o estoque dos produtos e o marketing de venda. Se houver muita gente interessada em comprar o produto, tudo isso compensa, porque ele pode ser replicado infinitamente. Suas próximas unidades custarão muito menos e renderão margens de lucro muito maiores. É o que se chama economia de escala. Aos poucos, os ganhos com sua produção em massa compensam o alto custo para criá-la. Produtos sem um grande apelo comercial, porém, se tornam inviáveis.





    A impressão 3D desmonta essa lógica. Ela funciona como uma impressora convencional que muitos têm em casa. Basta apertar o botão na tela do computador para que o arquivo digital, com o desenho em três dimensões do objeto a fabricar, seja enviado para a máquina. O programa da impressora divide o desenho em milhares de camadas de até 0,1 milímetro e envia uma série de instruções para a impressora. Em vez de tinta, ela usa materiais como plástico, gesso, silicone, borracha ou metais, para fazer sapatos, próteses dentárias, joias, luminárias, brinquedos ou peças de equipamentos hospitalares.

    A produção começa pela base do objeto. O cartucho deposita uma fina camada do material usado no produto sobre uma plataforma. Uma vez formada essa camada inicial, a plataforma desce ligeiramente para que o cartucho aplique outra camada sobre a primeira. O processo se repete com a acumulação de várias camadas até o objeto ficar pronto. Demora entre uma e várias horas, de acordo com o tamanho e a complexidade do modelo. Em vez de fabricar cada parte de um produto separadamente e depois montá-las, é possível imprimir de uma vez só todas as peças já agrupadas. Isso economiza tempo e matéria-prima. Como a impressão 3D barateia os custos, um produto pode ser fabricado localmente em vez de ser feito noutro país e depois importado. Também não há necessidade de criar grandes estoques, já que a produção leva no máximo algumas horas e pode ser iniciada só depois de o item ter sido comprado por um consumidor.



    O impacto dessa nova forma de produção no modo como a sociedade trabalha e consome pode ser brutal. De novo, pode ser dado o exemplo do sapato: antes da primeira Revolução Industrial, o artesão que fazia o sapato era seu proprietário. Quem fabricava era o dono do produto. Depois que a máquina a vapor substituiu o artesão, quem produzia deixou de ser o dono do sapato. Ele passou a ser propriedade do empresário que controlava a fábrica. Nasceu a classe trabalhadora e assalariada, que ganhava dinheiro para produzir o sapato e adquirir outros bens. A produção em massa de sapatos na segunda revolução desencadeou a explosão do consumo. Além de mais baratos, os modelos se diversificaram e passaram a ser feitos em grande escala.

    A terceira revolução, com a introdução das impressoras 3D, é mais parecida com aquela da Inglaterra do século XVIII do que com a de Henry Ford. Ela pode permitir que cada unidade produzida seja feita de acordo com o gosto pessoal e a necessidade de cada consumidor – e até pelo próprio consumidor. É a “personalização em massa”. Isso abre oportunidades para que empreendedores, inventores e indústrias possam lançar novos produtos sem se preocupar com vendas em grande escala para torná-los economicamente viáveis. “É o surgimento da manufatura pessoal”, diz Abe Reichental, presidente da 3D Systems, a maior fabricante de impressoras 3D do mundo.


    Em casa, fabricar objetos já é realidade para quem tem uma dessas máquinas. Chris Anderson conta em seu livro que suas filhas deixaram de brincar com videogames e agora passam horas fabricando móveis em miniatura para suas casinhas de boneca. “Se você é um fabricante de brinquedos, isso deveria dar calafrios”, diz ele. Os donos dessas impressoras podem ainda fabricar copos e pratos personalizados para uma festa de aniversário. Se uma peça do jogo favorito da família se perdeu, ela pode ser reposta em poucas horas sem que seja preciso ir a uma loja. É possível também criar uma capa nova para celular segundo a cor, estampa e textura mais convenientes para combinar com a roupa da ocasião.